“O que a gente leva da vida é a vida que a gente leva.”
Quarenta e cinco anos em uma estrada longa e de muito aprendizado. Desde a minha primeira exposição, aos 13 anos, nunca mais parei. Acredito que nascemos artistas – algo intrínseco a nós. Uma energia visceral, uma semente plantada no nosso ser, que hora ou outra floresce.
Não é somente técnica, está na alma. É uma maneira de olhar o mundo. Vemos arte em tudo, um olhar artístico que vê poesia em tudo, até nos momentos tristes.
Nasci em Minas Gerais, mas na adolescência me mudei para o Pará. Um grande aprendizado logo cedo veio do contato com o barroco mineiro. Ficava encantada com as igrejas das cidades históricas, as pinturas de Aleijadinho, as pinturas místicas e religiosas. Dali vem um símbolo que muito aparece nas minhas obras hoje, a pomba branca. No Pará, outra experiência de grande aprendizado foi a vivência próxima da floresta, a oportunidade de conhecer a Aldeia Indígena dos Caiapós, onde pude aprender um pouco sobre sua cultura riquíssima. Passando uma temporada com eles, aprendi um pouco de pintura corporal e cerâmica. Estar ali, tão perto da floresta Amazônica, uma cultura rica de cores, até mesmo nos dias de chuva, quando o barro escorre na sua cor de terra, é algo inspirador. Cores que fazem parte das minhas obras.

Ateliê de Carmen Gusmão
Arte é a interpretação do que está na nossa frente. Graduei em Psicologia, e ainda estudei Arquitetura e Filosofia, e tudo isso teve influência na minha arte. Tenho obras inspiradas em textos literários, escritores como Dostoievsky.
Quando me perguntam quanto tempo eu levo para pintar algo, eu respondo a minha idade. Porque o que está na tela é fruto de vivências, de um processo de aprendizado que é pessoal de cada artista. Arte é soma.
Quando a carreira estava estabilizada e rendendo frutos no Brasil, participando de eventos artísticos e exposições, eu me mudei para os Estados Unidos, depois de uma reviravolta na minha vida. Viver de arte no Brasil é muito difícil. Eu recebi um Green-card por habilidades extraordinárias em Artes. Comecei tudo de novo!
Não vou dizer que foi fácil. Começar de novo, em outro país, aprendendo uma nova língua, até construir, tijolo por tijolo, uma história de sucesso, tendo minhas obras nas maiores lojas de design de interiores, e prêmios, nunca é fácil, mas a caminhada vale a pena. Em 2017, fiz a maior exposição da minha vida, em Miami, celebrando meus 40 anos de arte. Foi um grande marco na minha carreira, com uma excelente recepção. Meu livro It’s Amazing, que será lançado pela Editora Livr(a), vai trazer mais dessa trajetória, que eu espero poder inspirar mulheres a correr atrás de seus sonhos.
Antes mesmo de me tornar Life coach, eu sempre fui uma pessoa grata por tudo que aconteceu na minha vida. Mas fazer o curso da Mary Morrissey “Life Master Course” – que me capacitou a ajudar ainda mais as pessoas que sonham em poder viver de suas artes.
Hoje, morando com meu marido em Michigan, numa propriedade cercada pela natureza, onde eu continuo fazendo o que mais amo – pintando, dando aula de artes, arte-terapia, arte-meditação, passando para as pessoas a magia da arte. A arte cura. Nessa pandemia, o que nos salvou foi a arte – os livros que lemos, os filmes que assistimos, as músicas nas sacadas, a pintura e o artesanato, e até mesmo na arrumação da casa.
O que a gente leva da vida é a vida que a gente leva. Deixe a sua marca. Esse é o ensinamento que sempre levo comigo.

Ateliê de Carmen Gusmão
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