Recentemente, estava no Instagram conversando sobre literatura – o meu passatempo preferido. E me veio uma enquete, pedindo para que escolhêssemos entre coisas que gostamos, tipo “romance ou policial” e “ filme ou livro.” Lá estava eu, me divertindo, respondendo a enquete quando surgiu a seguinte opção: “distopia ou ficção.” É claro que eu mandei um direct para a mocinha da enquete, dizendo, “mas não tem como escolher entre distopia e ficção.” Essa é uma situação recorrente na rede social literária – não saber bem o que é gênero, categoria de gênero, subgênero, e figura de linguagem. E tá tudo bem!
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Mas afinal o que é gênero literário? Vamos relembrar as aulas de literatura? Gênero é o que usamos pra categorizar tipos de diferentes de filme, música e literatura também. Temos quatro gêneros literários – sim, quatro gêneros principais. Drama, poesia, ficção, e não-ficção. Cada um tem características distintas, e o leitor tem certas expectativas para cada gênero.
Por exemplo, quando falamos em poesia, logo pensamos em versos, não eh? Mas a verdade é que tem vários tipos de poemas, os subgêneros, e cada um tem certas características. Por exemplo, os sonetos, com suas 14 linhas, e as baladas com sua métrica silábica. Tem até poema com personagens complexos! Sim, poemas podem ter personagens! é o caso dos poemas épicos, tipo Beowulf, Paraíso Perdido e A Odisseia. Os poemas tem suas características próprias, como os versos e o uso das figuras de linguagem, como metáfora, hyperbole, etc.
Tem também o drama. Não confunda o drama com o gênero de filme – onde tá todo mundo chorando, doente, ou morrendo. Drama na literatura não tem nada a ver com isso (ou quase nada a ver com isso). Os dramas são as peças teatrais que começaram na lá Grécia antiga e ainda estão sendo produzidas. Na época de Shakespeare, drama era tão popular quanto o romance hoje em dia! Esse gênero tem três categorias marcantes, a tragédia, a comédia, e a tragicomédia.
Ficção é o gênero literário mais complexo, na minha opinião, com subgêneros que não acabam mais. Quando a gente pensa em ficção, a gente pensa em livro, não é mesmo? E muito disso vem de uma tecnologia que mudou o mundo no século 16, a invenção da impressora, que possibilitou a comercialização das histórias. Com isso, a produção literária ficou maior, não precisava mais ser recitada como a poesia, ou encenada como o drama. Ela podia ser impressa e lida. Olha que maravilha que é a mente humana! Uma das principais características desse gênero é o texto em prosa, quer dizer, não em verso. Outros como enredo, personagens, clímax e resolução tbm são importantes. Harry Potter é um livro de ficção, do subgênero da fantasia, no tema da jornada do herói.
Por fim, temos a não-ficção, um gênero muito complexo tbm, que inclui textos fatuais, artigos científicos, jornalísticos, e até biografia e diários.
Então, peço licença a coleguinha que queria me fazer escolher entre distopia e ficção. Fazer essa escolha seria uma grande falácia! Não tem escolha na verdade. Distopia é ficção.
E aí, qual o seu gênero favorito?

Ane Caroline Costa

Purdue University