O que A Escrita E A Editoração Me Ensinaram Sobre Perfeição – By Ane Costa
Recentemente, li uma matéria de @lisapoisso que refletiu muito do aprendizado que tive nesses 20 anos escrevendo ficção, criando uma carreira acadêmica e os últimos seis meses como diretora editorial da Livr(a).
“Por que o editor deixou passar erros na impressão do seu livro?” Lisa nos questiona em seu artigo. Quando pagamos por um serviço, queremos excelência, e o que isso significa está sujeito ao filtro pessoal de cada um.
Há algumas coisas que aprendi sobre perfeição nesses meus 33 anos. Quando somos jovens, temos a ver nossos defeitos como qualidades. Aconteceu comigo, pelo menos — costumava ver minha “mania de perfeição” como uma qualidade. Só que quem sofria mais com o perfeccionismo era eu mesma. Nunca nada estava bom o suficiente, um 9.5 em uma prova não era um 10.
Isto escalou quando eu comecei a pensar em publicação. A ideia de que outros iam ler o que eu escrevi e julgar a minha escrita era desesperadora e eu queria tudo perfeito. E quando as expectativas são muito altas, os tombos machucam também. Perfeição é a coisa mais ilusória desse mundo e que mais nos machuca, pois é uma busca impossível. Como humanos, nós somos fadados ao erro e a aprendizagem.
Editores profissionais estadunidenses concluíram que uma margem de 5% de erro é esperada na primeira edição de um livro. Isto não significa que seu livro, com 60 mil palavras, vai ter 3,000 erros de ortografia. O que queremos dizer com erros de impressão vai muito além de ortofotografia. Pode ser, por exemplo, um espaço a mais ou a menos entre duas palavras. Uma vírgula ou um ponto faltando ao fim da frase. Às vezes, são coisas tão pequenas, que ninguém nota — e exatamente por isso passou após revisões e mais revisões.
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Mas por que isso acontece? Primeiro, editores e revisores são humanos e humanos erram. Mesmo com um processo de revisão tão meticuloso como o da Livra, em que o manuscrito passa por leitura crítica, preparação de texto, revisão, revisão de PDF, revisão espelhada — com nossos revisores e editores tendo tempo de leitura e não sendo obrigados a fazer revisões em prazos curtos demais — ainda assim, podem acontecer erros.
Outro problema que, infelizmente, ainda encontramos, são autores que trabalham contra seus editores, e não junto deles para garantir uma boa última versão. Quando você receber seu material revisado, é imprescindível que você leia seu material novamente. Seu livro vai ser o livro que você mais vai ler nessa vida, pode ter certeza disso. Quanto mais você ler, mais erros vão ser notados — e isso vai ajudar seu processo editorial.
Somente mandamos o produto para impressão quando temos certeza que está bom o suficiente para isso. Ninguém vai poder te garantir perfeição, somente um trabalho bem feito, com carinho e dedicação, assim como todos os nossos livros são produzidos.
Imprimiu o livro e teve errinhos? Infelizmente, acontece. Aconteceu comigo e com qualquer autor que conheça. Lembre-se de três coisas:
- Os erros são excessivos, compreendendo mais de 5% do livro? Se não, espere a segunda impressão para consertar. Segundas, terceiras, quartas edições acontecem todos os dias no mercado editorial e foram inventadas justamente para corrigir erros.
- Perfeição não existe, e há outros erros em seu livro que talvez você nunca veja. Temos de aprender a lidar com isso.
- Nunca jogue seus livros impressos no lixo por causa de pequenos erros. Eles não diminuem o valor da sua obra. Sem contar que isso causa um impacto ambiental no mundo!
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