“De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.” (Shakespeare, Soneto 116)
Ja quis escrever um poema e não conseguiu? Já leu um poema e não entendeu nada? Mas o que diabos tem na poesia que é tão difícil?
Primeiro, o que é poesia? A poesia é a produção literária que é focada na beleza das palavras. Afinal, qual é a graça de escrever “quando a gente ama, não ficamos abalados quando encontramos problemas ou balançados quando experienciamos inquietude” quando vc pode dizer: “amor não é amor/ Se quando encontra obstáculos se altera, /Ou se vacila ao mínimo temor.”
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Isso é a poesia, poder explicar algo com o mínimo de palavras. Trabalhar, lapidar as palavras como um diamante. Focar no ritmo, mudando inclusive a ordem mais natural da linguagem para formar rimas.
A poesia pode sim ter uma narrativa mais longa. Um dos poemas mais importantes da história é A Odisseia de Homero. A história conta a volta pra casa de Ulysses após a queda de Tróia. Esse poema foi todo escrito Hexâmetro datílico (que são versos compostos de seis datílicos – isto é, uma sílaba longa seguida de duas curtas) e tinha 12,110 versos! Entendeu alguma coisa? Tudo bem, a gente tbm não entende bem. Mas saber do nível de dificuldade ajuda a apreciar as coisas, não eh?
As baladas são uma forma de poesia mais rítmica, como uma música, muito popular no século 18. Porque livros eram muito (muito) caros, as pessoas comercializavam baladas. Esses “poemas/músicas” eram tbm fortemente métricos, geralmente contendo três estrofes de oito versos octossílabos com rimas cruzadas. E ela tem sempre um conceito que se repete, como o refrão de uma canção.
Os sonetos são os meus preferidos! Desde o século 14 os sonetos estão aí, então deve ser pra ficar né? Vinícios de Morais é provavelmente a nossa maior referência em sonetos. Eles tem sempre 14 versos, mas nem todo poema de 14 versos é um soneto. Normalmente tem dez sílabas em cada linha, e uma métrica de rima. Na verdade, soneto em italiano significa “pequena canção” – o ritmo é tudo.
Hoje em dia, o verso livre é o que predomina nas redes sociais e nos livros de poesia. Toda poesia que não tem métrica é chamada de verso livre, e veio no século 19 para quebrar com o tradicionalismo da poesia clássica, com Baudelaire e Whitman. O verso livre valoriza o ritmo natural da fala e algumas vezes a forma, como na poesia concreta.
E aí? Deu vontade de escrever um poema?
Amei o artigo, parabéns.